27 de junho de 2011


Quero só existir

Quero só existir. E por isso começo a entender que você não vem. Não importa. É a mim que aguardoPela primeira vez.
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Não restam mais feridas

O choro secou. Um outono doce impera com seu aconchego de amor e lucidez, suaves. E esse abraço aveludado que chegou repentinamente, num calorzinho de cuidados e curas. Não restam mais feridas. A dor perdeu seu lugar na minha rotina e foi procurar outros rumos. Tenho novos sonhos e um sono novo e profundo. Suavemente tudo mudou de ritmo e celebrei o tempo de cada novo passo. A princípio tive tanta ansiedade, porque tudo parecia um turbilhão, mas de que adianta tentar pular aprendizados? Se é de poesia que o poeta precisa, vamos a ela e não mais à repetição de uma melancolia eterna e bem aprimorada.
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Voltando

Foi quando começou a não se importar tanto de sentir tanto medo, que ouviu o convite, ainda tímido, quase sussurro, do próprio coração, esse sabedor do que, de verdade, importa:
Volta, com medo e tudo.”
Foi.
E começou a redescobrir que coragem, na maioria das vezes, é apenas voltar para o próprio coração. É apenas calar a ausência devastadora e infértil dele. É apenas sair do lugar para um ponto um pouquinho mais espaçoso e espalhador de sementes. É apenas seguir. Com medo e tudo.
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7 de junho de 2011


Dormir de conchinha


Fazer sexo não é um privilégio nosso, qualquer animal transa. É instintivo. Dormir de conchinha é uma característica específica humana. Ok, você terminou a noite com o cara mais lindo da balada, ele era muito bom de cama. Até aí você está achando que ganhou na mega-sena sozinha e acumulada. Quando acabou a performance do seu Apolo, o moço simplesmente virou para o lado oposto ao seu e cochilou. Ou pior, perguntou se foi bom pra você.
Você namora há algum tempo, o sexo é bom embora não seja mais repleto de novidades. Vocês combinam, se entendem, têm carinho um pelo outro. O antes é ótimo, o durante é realmente muito bom mas o depois deixa a desejar. Vocês não conseguem dormir de conchinha. Você acorda com torcicolo, o braço dele formiga. Não é falta  de amor, é incompatibilidade anatômica mesmo.
Eis que um belo dia ou uma bela noite você fisga um cara interessante encostado na bancada dum certo bar que toca as músicas da sua adolescência. Acha ele charmoso, a atração é mútua e você, que não é mais uma menininha resolve ir para a casa dele. Pronto, momento perfeito, esqueça os tabus! Você se surpreende com o antes, absolutamente incrível para a pouca intimidade que vocês têm. O durante, bem , o durante não é necessário comentar. Ele tem não apenas aqueles olhos de gato mas um fôlego felino. Depois de alguns orgasmos você já está exausta e não espera mais nada da “descoberta do ano”.
É neste ponto que ele a surpreende mais uma vez. Existe um depois. Sim, ele tem o sorriso mais lindo do universo, um cheiro irresistível no cabelo encaracolado e na pele absolutamente alva, a carne branca te lembrando pêssegos. Ele vai se chegando por trás e manuseia seu corpo como poucas vezes o fora. Quebra a maior de suas resistências, a sua mais alta barreira: sim, ele dorme de conchinha com você.
Logo você que acordava com a coluna parecendo um 8 quando seu namorado tentava envolvê-la neste ato romântico. Alguma coisa está errada, você pensa. É simplesmente uma transa casual, você não tem a mínima intenção de se apaixonar entretanto começa a se perguntar onde ele estava até agora. Ops, hora de retroceder. Entoa mantras como: “mulher inteligente pega e não se apega” . Mas logo está repassando a noite anterior -maldita conchinha, pensa.
E poderia ser o jeito que passa o braço em cima de você quando estão no cinema. Dormir de conchinha é uma daquelas pequenas humanidades que não me canso de citar. As coisas que tornam alguém único e insubstituível, como o jeito que ele mexe no cabelo ou ajeita os óculos. Aquela carinha que faz quando vai olhar algo distante. Ou o jeito carinhoso que só ele te chama. É o que faz com que nos apaixonemos ou não por alguém. O ponto crucial que faz você querer ele e não outro, o critério de desempate.
 Sobre o cara que dormia de conchinha? –ela não se apaixonou por ele. Também não o esqueceu. Nisso, ele se tornou único…e no cheiro de Xampu.

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